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Facts & News not to Forget 2023: o filme Zero Gravity de Wayne Shorter, o livro sobre Sonny Rollins, John Zorn at 70!

Está prestes a estrear, agora em 25 de Agosto de 2023, o documentário sobre a vida, carreira e obra do grande saxofonista e compositor Wayne Shorter, falecido recentemente em 2 de março de 2023, em Los Angeles, Califórnia, EUA. Wayne Shorter começou a carreira no final dos anos 50 na icônica banda de hard bop Jazz Messengers do baterista Art Blakey, mudando-se em seguida para o Segundo Grande Quinteto de Miles Davis, sendo um dos grandes artífices da harmonia modal e um dos grandes compositores do período e estilo conhecido como post-bop nos anos 60, sendo também um dos grandes nomes do jazz fusion nos anos 70 juntamente com sua icônica banda Weather Report, e seguindo com lançamentos altamente criativos nos anos 80 e 90. Nas últimas décadas, Wayne Shorter retorna a um repaginado post-bop acústico e segue liderando um aclamado quarteto com o pianista Danilo Perez, o baterista Brian Blade e o contrabaixista John Patitucci, uma das grandes bandas do jazz contemporâneo. Ou seja, entre atos e hiatos, Shorter protagonizou boa parte de toda a história do jazz do pós anos de 1950 até a década de 2010, sendo uma das figuras mais criativas dos últimos 60 anos. O documentário, dirigido pela experiente produtora e cineasta Dorsay Alavi, fundadora das produtoras Blast Global Media e Brave World Pictures, já estava previsto há algum tempo. Em 2012 a própria assessoria de Wayne Shorter já anunciava em sua página do Facebook que estava em andamento a ideia de um documentário a ser produzido pela cineasta: "Filmmaker Dorsay Alavi and Wayne met in 1994 when Verve/ Mercury Records hired Dorsay Alavi to produce and direct a promotional video for the release of his new CD “High Life”. Since then, Wayne and Dorsay have remained friends and the seeds were planted in 2004 to document his life and music in an intimate and candid portrait". Na verdade, o filme seria mesmo lançado neste ano de 2023, em Agosto mesmo, para comemorar os 90 anos de Shorter. Agora, pois, com o falecimento do legendário músico, o lançamento se tornou ainda mais necessário! Participam do cast: velhos e legendários parceiros como Jimmy Heath, Sonny Rollins, Herbie Hancock, Carlos Santana, Ron Carter, Joni Mitchell e Marcus Miller; músicos das gerações mais novas como Terence Blanchard, Esperanza Spalding e Don Was; e até personalidades que são fãs confessos do músico tais como o ator Jeff Garlin e o astrofísico Neil deGrasse Tyson; entre outros. O documentário será lançado inicialmente para locação na plataforma do Prime Video da Amazon -- talvez sendo disponibilizado logo em seguida no Prime Video do Brasil e outros países para as versões dubladas e legendadas. Interessante como o título do documentário, que é o título de uma composição de Shorter -- assim como muitos dos outros títulos das suas imaéticas composições --, reflete bem o gosto do compositor pelas histórias de fantasia e ficção científica. Enquanto esperamos para assistir o doc na nossa Prime Video brasileira, os fãs de Shorter que se interessarem podem ouvir sua trajetória no 👉nosso podcast caseiro, produzido justamente por ocasião do seu falecimento. Longa vida à obra e ao legado de Wayne Shorter!

O grande saxofonista e bandleader John Zorn, compositor, experimentalista, colecionador de discos, empreendedor, agitador cultural e líder da geração de músicos avant-garde que surgiu na Downtown nova-iorquina a partir de finais dos anos de 1970, completará, agora em 2 de Setembro de 2023, seus 70 anos de idade! E isso não seria notícia se não estivéssemos falando aqui de um músico seminal, de influência e importância superlativas para a evolução da arte musical nestas últimas quatro décadas -- pelo menos! John Zorn surgiu na segunda metade dos anos 70 no cenário do punk no wave na Downtown de Mahattan e já nos anos 80 se transforma no grande líder de uma geração de músicos que estavam implementando um novo avant-garde nos meandros do jazz mais iconoclasta. Adotando um perfil ecleticista e fundando seu próprio nightclub (o Stone) e seu próprio selo (a Tzadik Records), a arte musical de Zorn foi imbuída de inúmeras misturas de recortes e elementos estéticos advindos de free jazz, música erudita moderna, dadaísmo, punk hardcore, collage music, surf music, country music, klezmer, recortes de trilhas sonoras, grindcore, japanoise e tantos outros elementos e influências. Tendo sido líder de bandas que ultrapassaram o raio de influência do jazz e do rock hardcore, tais como o quinteto Naked City e a banda de grindcore Painkiller, e já tendo lançado centenas de álbuns em várias direções criativas, a obra de John Zorn é tão abundante que ele costuma separar seus ciclos de registros e peças em "books" e "séries" tais como Cobra (seu ciclo de happenings e improvisos criados por meio de um jogo com cartões interativos), Masada (suas bandas de jazz com elementos da klezmer music), "Book of Angels" (baseados em canções e mitologias ocultistas e judaicas), "Filmworks" (suas explorações de trilhas sonoras, sendo a maioria para filmes experimentais), "Composers Series" (seu ciclo de álbuns com obras de cunho mais erudito), entre vários outros ciclos e séries. Quem anunciou o aniversário de Zorn como uma data a celebrar e com grande entusiasmo foi o Walker Art Center, centro de artes contemporâneas de Minneapolis, Estado de Minnesota, onde o saxofonista é muito benquisto e já apresentou seus ensembles e suas peças por diversas vezes. Em seu site, o Walker Art Center dedicou a Zorn uma programação de shows e um artigo de três páginas com depoimentos de vários músicos (de vários gêneros), artistas, escritores, produtores e outras personalidades emitindo suas felicitações, homenagens e considerações sobre este grande agitador e vanguardista do nosso tempo! Por conta deste seu 70º aniversário, é esperado uma chuva de dedicações e artigos nos blogs e sites especializados e uma série de shows nos principais art centers e palcos de música contemporânea dos EUA e doutras partes do mundo. Por aqui, Brasil, eu mesmo tive a sorte de assistir John Zorn e seu Masada Quartet no palco do Cine Joia, São Paulo, numa inesquecível noite de sábado, em 17 de março de 2012. Aos que leem em inglês, sugiro que leiam o artigo do Walker Art Center dedicado a Zorn (vide link no tuíte à esquerda) para entender seu amplo raio de influência e também pesquisem sobre o saxofonista aqui mesmo no blog, onde já dediquei diversos artigos e até podcasts para essa grande figura mundial da música!

O jornalista e pesquisador musical Fabrício Vieira, criador do blog FreeForm, Free Jazz, acaba de anunciar, para nós brasileiros, o recém lançamento americano de um ótimo livro biográfico sobre o icônico saxtenorista de jazz Sonny Rollins, um dos grandes nomes do bebop e post-bop, um dos grandes saxofonistas de todos os tempos. Para os jazzófilos adeptos às comparações recorrentes nas tradicionais "saxophones battles", Sonny Rollins pode muito bem ser considerado o maior saxofonista dos anos 50, só sendo talvez superado por seu xará Sonny Stitt e por seu então admirador John Coltrane, que o teria superado só partir de 1958. O fato é que Sonny Rollins não apenas levou o vocabulário bebop à exaustão, com sua articulação intrincada e inovadora ao sax tenor, como também ficou conhecido por ser um dos precursores do uso incomum do combo sax-trio (trio apenas de sax, contrabaixo e bateria, numa época em que ainda era impensável de se ter uma banda sem piano), além do fato dele ter criado uma das mais potentes e graves sonoridades de sax tenor da história do jazz, esbanjando identidade e sonoridade própria. Aliás, nada mais apropriado que o uso do título de Saxophone Colossus, título do seu emblemático álbum lançado em 1956 pela Prestige Records, para ser a chamada principal deste livro: mesmo quando já estava com idade avançada, Rollins ainda era considerado um saxofonista com "pulmão de aço", deixando muitos saxofonistas mais jovens invejados durante os shows, encontros e jams. O livro, enfim, recebe o título Saxophone Colossus: The Life and Music of Sonny Rollins e foi escrito e lançado pelo escritor, músico e pesquisador Aidan Levy, que já escreveu biografias de outros grandes nomes da música (Lou Reed e Patti Smith, por exemplo) e frequentemente publica seus textos em revistas e jornais de renome tais como The New York Times, The Village Voice, JazzTimes e The Nation. Para os interessados que leem bem em inglês, o livro já está há alguns meses disponível para venda nas principais plataformas de e-commerce. Em um dos seus mais recentes posts no site Pipeline do jornal Valor Econômico, Fabrício Vieira dá melhores detalhes sobre o livro e sobre esse icônico saxofonista que tem obra, carreira e história de vida fantásticas. Clique no link ao lado para acessar a matéria completa escrita por Vieira no Valor Econômico.




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