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Podcast - Grandes Pianistas que molda(ra)m os vários dialetos e conceitos do jazz (& beyond) nas últimas 4 décadas

HIROMI UEHARA
Nas últimas quatro décadas, os pianistas foram, talvez, os agentes mais inovadores do jazz e da música improvisada. Surgiram vários pianistas com estilos, tons, toques, conceitos e sonoridades diferentes. E aqui vamos compartilhar uma lista de 25 a 30 pianistas que moldaram e estão moldando os dialetos do idioma do jazz nessas últimas décadas —— e isso em vários âmbitos, em vários contextos, em vários cenários, em vários países. Em minha opinião, os cinco pianistas que foram pilares principais para a contemporaneidade do jazz nessas últimas décadas foram: Kenny Kirkland, com seu neo-bop em fraseados rapidíssimos —— e ainda assim sincopados e assustadoramente discurssivos e swingantes! ——; Fred Hersch com seu piano solo de tons cristalinos e coloridos e com seu post-bop altamente elegante, impressionista e introspectivo; Brad Mehldau, que a partir da segunta metade dos anos de 1990 será o pianista a dar dinâmicas ímpares e tons ainda mais contemporâneos ao post-bop ao incrementar o repertório do jazz com canções de bandas e cantores do pop, folk e rock alternativo tais como Beatles, Paul Simon, Nick Drake, Radiohead, Soundgarden e etc; Geri Allen, que criou um intrigante estilo próprio usando uma confluência de elementos de estilos diferentes tais como o fusion, m-base, post-bop e free jazz; e Keith Jarrett, que é um veterano que se manteve como figura basilar em termos de improvisação ao piano solo. Aliás, já saliento de antemão que não vou considerar aqui mestres e medalhões já famosos das décadas de 40, 50, 60 e 70 —— deixarei fora da lista, por exemplo, Art Tatum, Bud Powell, Horace Silver, Thelonious Monk, Wynton Kelly, Red Garland, Dave Brubeck, Bill Evans, McCoy Tyner, Randy Weston, Herbie Hancock, Chick Corea e etc ——, uma vez que a ideia é justamente se inteirar sobre quais pianistas foram mais influentes e expressivos dos anos de 1980 aos anos 2010 e quais deles ajudaram e estão ajudando a moldar o idioma do jazz em ambitos universais. Desses, abordarei apenas dois medalhões: homenagearei aqui, justamente, Keith Jarrett, pois considero que sua proficiência em aplicar novos arranjos sobre standards e sua arte em improvisar livremente ao piano solo se mantiveram frescas e influentes nestes últimos tempos; e abordarei Abdullah Ibrahim, que praticamente inovou o jazz sulafricano nessas últimas décadas.

ABDULLAH IBRAHIM
A ideia aqui é, então, mostrar que o universo do jazz, e seu alcance em outros tipos de músicas improvisadas —— aqui representado pelos grandes pianistas do nosso tempo ——, é muito mais do que as manjadas listas de famosos e veteranos que as mídias —— especializadas ou não —— já deixaram fixas na memória do ouvinte assíduo. Então mostraremos desde pianistas que surgiram nos anos de 1980 e 1990 e que já atingiram grande fama e reconhecimento mundial em vida, tais como Brad Mehldau (EUA) e o falecido Esbjorn Svensson (Suécia), até pianistas que são muito influentes entre os músicos ao mesmo tempo de serem pouco venerados pelo público mais amplo, tais como Kenny Kirkland e Geri Allen —— dois pianistas falecidos que estão, aliás, conquistando cada vez mais reconhecimento atualmente ——, passando por nomes que emergiram nas décadas de 2000 e 2010 tais como Hiromi Uehara (Japão), o garoto prodígio Joey Alexander (Indonésia) e Aaron Parks (EUA). A intenção é passar por outros países e também mostrar pianistas europeus, brasileiros, cubanos e africanos tais como André Mehmari e Amaro Freitas (Brasil), Omar Sosa e Gonzalo Rubalcaba (Cuba), Baptiste Trotignon (França), Mario Laginha (Portugal), Kaja Draksler (Eslovênia) e Nduduzo Makhathini (África do Sul), entre outros. O quesito central a considerar aqui é o painel de variedade de técnicas, conceitos, dialetos e inflexões idiomáticas que esses e outros pianistas estão explorando dentro do universo do jazz e seus arredores, nos EUA e no mundo. Ou seja, se podemos considerar o jazz como um gênero que é híbrido de arte conceitual e elementos culturais idiomáticos, podemos considerar que cada um desses pianistas contribuíram e estão contribuindo não apenas para o enriquecimento do vocabulário técnico harmônico-rítmico-melódico pianístico em si, mas estão contribuindo também para que esse gênero de arte musical que chamamos "jazz" seja enriquecido com variedades de dialetos, sotaques, idiossincrasias e inflexões idiomáticas em vários conceitos, cenários, estilos e contextos. Novos episódios serão incluídos semanalmente aqui mesmo neste post. Os episódios variam de 40 a 60 minutos. Ouçam!!!


 Kenny Kirkland: um gênio superlativo do piano, ele expandiu as inovações iniciadas pelos mestres anteriores (Bud Powell, Herbie Hancock & McCoy Tyner) e renovou a linguagem bop nos moldes da contemporaneidade do neo-bop
   

 Brad Mehldau: do cool ao neo-bop, ele deu um novo frescor aos standards e baladas, incluiu novas canções do pop e do rock no repertório do jazz contemporâneo, e inovou nos contrapontos e métricas ímpares com seu piano-trio
 


 David Kikoski: ancorado na tradição e com distinta flexibilidade, ele é um dos mais excelentes e versáteis representantes do neo-bop pós-Kirkland, por vezes tendo usado tons do pop e rock (Beatles, Steely Dan, Zappa e etc)
   

 Eric Reed: um piano master ambientado no range do straight-ahead com tons e toques encorpados de blues, gospel, stride, swing, bebop, hard bop e afins... Ouça também suas divertidas releituras de temas de Thelonious Monk
   

 Keith Jarrett: ele criava as mais aventureiras releituras sobre canções, hinos sacros e standards, além de levar o piano solo ao status mais elevado da ARTE com suas inovadoras peças livremente improvisadas em concertos ao vivo
   

 Geri Allen: inflexionando-se nas entrelinhas do post-bop, free jazz, fusion e m-base, ela forjou um intrigante e incomparável estilo cheio de polirritmias e sombreamentos próprios, sendo uma das figuras mais influentes de sempre
 


 Fred Hersch: piano master de tons cristalinos de beleza única e improvisos impressionistas, ele é das figuras do post-bop mais influentes do jazz contemporâneo. Ouça seu piano solo e suas versões jazzísticas para temas eruditos



 Omar Sosa & Gonzalo Rubalcaba - Latin Jazz, Afro-Cuban & Rítmos Afro-Latinos: as abordagens multiculturais e misturas afro-diaspóricas de Omar Sosa; o post-bop, piano solo e o fusion envoltos de latinidade de Gonzalo Rubalcaba
 


 Esbjörn Svensson: pianista sueco que inovou nas texturas e nos tons, traços e toques inspirados no pop, na eletrônica e no rock (indie e alternativo) dos anos 90 e 2000, levando seu piano trio a alcançar status de banda pop star



 Ethan Iverson: ex-pianista do power trio The Bad Plus, banda que lançou vários álbuns inovadores com densos e enérgicos covers de canções do pop e rock com inflexões de jazz e avant-garde, além de releituras de temas eruditos



 Vijay Iyer: descendente de família da Índia, mestre e doutor em matemática e física, ele é um dos inovadores do piano jazz, tendo fraseados moldados por elementos do m-base, free e post-bop com sotaques carnático e hindustani
 


 Jason Moran & The Bandwagon Trio: pianista inovador e super singular que se inspira nas artes plásticas, no blues, stride piano, post-bop, avant-garde e hip hop através de abordagens pós-modernas e um estilo impressionista 
 

Pianistas que poderão ser apresentados nos próximos episódios:

Matt Mitchell (USA)
André Mehmari (Brasil)
Mario Laginha & Bernardo Sassetti (Portugal)
Baptiste Trotignon (França)
Craig Taborn (USA)
Hiromi Uehara (Japão)
Kaja Draksler (Eslovênia) & Cory Smithe (USA)
Abdullah Ibrahim & Nduduzo Makhathini (África do Sul)
Aaron Parks (USA)
Robert Glasper (USA)
Joey Alexander (Indonésia)
André Marques (Brasil)
Amaro Freitas (Brasil)
Tigran Hamasyan (Armênia)





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