Jazz: bebop, hard-bop, post-bop, jazz-funk, free jazz, modern creative, jazz contemporâneo. Avant-garde: free improvisation, noise music, música experimental. Música Eletrônica. Música Instrumental Brasileira. Música Erudita Contemporânea. Música instrumental em geral.
Nine top musicians, conductors and composers on the challenges and joys of Stravinsky's music – and their recommendations for how to approach some of his more difficult compositions
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The avant-garde music that emerged from World War II is historical, yet it continues to influence how audiences view contemporary music. Why?
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In Memoriam: Jack DeJohnette 1942-2025
Jack DeJohnette, a bold and resourceful drummer who forged a unique vocabulary on the kit over his 60-year career, died Oct. 26 at a hospital in Kingston, New York. He was 83.
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★★★★¹/2 - Martelo Percussion Group - Sotaque (None/ Tratore, 2025).
Acaba de ser lançado Sotaque, o registro de estreia do Grupo Martelo, um quarteto brasileiro de percussão contemporânea que desde já demonstra a intenção de adotar uma amplitude tão flexível e inovadora quanto, por exemplo, as abordagens expandidas de Andy Akiho e as abordagens ecléticas de ensembles americanos como o Sō Percussion e o Third Coast Percussion, misturando elementos da música erudita de câmera para percussão à elementos da percussão popular com tanto esmero quanto criatividade. O quarteto explora um arsenal que engloba bateria, tímpanos, xilofone, marimba, vibrafone, pratos, metais, objetos vários, percussão popular (congas, bongôs, güiro, pandeiro, tambores, triângulo, zabumba, ganzá etc.) e várias outras percussões, e é formado por Danilo Valle (timpanista da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo), Leonardo Gorosito (chefe de percussão da Orquestra Sinfônica do Paraná), Rafael Alberto (percussionista da Filarmônica de Minas Gerais) e Rubén Zúñiga (integrante da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo). O repertório do álbum reúne peças escritas por emblemáticos compositores brasileiros contemporâneos como André Mehmari ("Sem Fronteiras"), Daniel Grajew ("Tempo"), Hércules Gomes ("Platônica"), Sílvia Góes ("Cobra Cega"), Clarice Assad ("O Herói"), Antônio Nóbrega ("Carrossel do Destino"), Luísa Mitre ("Valsa da Espera") e Léa Freire ("Mamulengo"), além de peças dos próprios membros do quarteto. Todas essas obras foram recentemente escritas exclusivamente para o Grupo Martelo ou revisitadas por meio de arranjos originais elaborados pelos próprios percussionistas. O próprio título do álbum já explicita a ideia do grupo, tão inovadora quanto clara: abordar a percussão contemporânea em uma amplitude eclética, sempre prezando o sotaque do grupo, valendo-se do encontro entre linguagens múltiplas sem perder os elos com a latinidade e a brasilidade. Dessa forma, as obras abordadas podem tanto inflexionar elementos das percussões populares e regionais em uma linguagem mais modernista e elaborada quanto, por exemplo, aproximar-se da percussão minimalista de Steve Reich, explorando ainda elementos variados da percussão sinfônica e da música erudita moderna de compositores como John Cage e Xenakis, incorporando também timbres eletrônicos e de sintetizadores amalgamados aos timbres percussivos. Em seus concertos estritamente eruditos, o Grupo Martelo tem abordado um repertório novíssimo que vai de peças do compositor Leonardo Martinelli a obras do norte-americano Andy Akiho, passando por peças de André Mehmari e Clarice Assad. Vê-se, portanto, que os percussionistas estão antenados à música contemporânea produzida hoje no mundo e pretendem surfar essa onda pós-moderna de sons inovadores e múltiplas possibilidades criativas. O álbum foi gravado no Juá Estúdio e teve seu concerto de estreia no palco do Teatro Cultura Artística, em 16 de novembro de 2025, e já está disponível nas plataformas de streaming. Grande projeto!!! Precisávamos de mais ensembles no Brasil com essa visão de levar a nossa percussão para níveis elevados de contemporaneidade!!!
Edition of Contemporary Music: como Manfred Eicher criou o conceito musical e o design gráfico da "grife" ECM
Há quem diga -- entre os críticos e apreciadores mais "punkers" -- que o selo alemão ECM Records, durante suas quatro décadas de existência, praticamente cristalizou sua música e seu plantel de músicos com uma categorização chamada de "Conceito ECM": algo como um conceito de música de vanguarda, contemporânea, mas que trabalha os aspectos das harmonias, ruídos e silêncios com uma estética um tanto minimal, cristalina, intimista, nostálgica e sutil -- na verdade, enquanto outras vanguardas fizeram uso da cacofonia intensa, a gravadora alemã tratou logo de se diferenciar ao lapidar sua música com intrigantes doses de silêncio, nostalgia e suspense, fazendo um uso mínimo da abstração. Porém, durante seu desenvolvimento -- e principalmente nas últimas duas décadas --, a gravadora de Manfred Eicher veio se diversificando para além do jazz de vanguarda mais intimista e da música improvisada, englobando em sua estética produções musicais que vão desde novos jazzistas do post-bop contemporâneo até música erudita, world music e música experimental, tornando-se uma verdadeira grife de música contemporânea. Críticas e preconceitos à parte, a ECM é considerada uma das mais revolucionárias gravadoras independentes de música contemporânea, com uma gama de artistas criativos de várias partes do mundo e, por consequência, provenientes de vários estilos musicais: dentre eles podemos destacar os brasileiros Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos, o norueguês Jan Garbarek, o norte-americano Keith Jarrett e vários outros músicos do jazz e fora dele, vários outros músicos da Europa, América e até dos paises orientais. Ou seja, apesar das rotulações inerentes à abordagem um tanto conceitual e "minimal" da gravadora até os anos 90, a partir dos anos 2000 suas produções foram se tornando mais diversificadas. E para quem quer entender e flutuar sobre o universo pós-moderno da ECM, trago aqui algumas indicações, além dos links para audição e pesquisa.
O primeiro documentário sobre a ECM foi filmado em 1986 pelo diretor Jan Horne: um documentário de 60 minutos chamado Bare Stillheten abordando o produtor Manfred Eicher e as instalações da gravadora em Munique. O documentário foi filmado em Oslo e Tokyo com a participação de músicos da época tais como Garbarek, Terje Rypdal, Jon Christensen, Arild Andersen, John Surman, Eberhard Weber, entre outros. Desde então, de tempos em tempos, a gravadora produz uma série de revistas, livros, vídeos e documentários para atualizar seu publico sobre suas transformações criativas e conceituais ou para mostrar novas facetas criativas dos seus músicos.
Um exemplo é o livro "Horizons Touched", lançado entre 2006 e 2007, e que aborda toda a paleta musical produzida pela ECM Records através de entrevistas com o produtor Manfred Eicher, fotos e mais de 20 ensaios especialmente encomendados à uma troupe de jornalistas, críticos e especialistas em música moderna e contemporânea. Intercalados entre os ensaios estão mais de 100 depoimentos de compositores, músicos e engenheiros, bem como cineastas, fotógrafos e designers associados ao selo. O livro inclui também as imagens e as fichas técnicas da discografia completa da gravadora, com todos os lançamentos de 1969 até 2006. Outro filme que atualiza essa faceta mais documental da ECM é Sound and Silence, um documentário que aborda as produções apenas em relação ao ano de 2009 -- um ano que evidenciou uma verdadeira guinada estética, por sinal. O filme é uma produção da Recycled TV AG e Biograph Film e foi lançado em Outubro de 2010 Na Alemanha. Neste documentário, os cineastas Peter Guyer e Norbert Wiedmer retratam o cotidiano do chefe e fundador Manfred Eicher em sua busca perfeccionista por novos sons, tons e ruídos. Com a câmera em mãos, eles acompanham o produtor em seu trabalho, em gravações, concertos ao vivo, no estúdio e no escritório, em grandes salas de concerto e bastidores afins. O filme aborda apenas compositores e músicos que estavam gravando pelo selo ECM naquele ano: Arvo Pärt , Anouar Brahem , Eleni Karaindrou , Dino Saluzzi , Anja Lechner , Gianluigi Trovesi , Nik Bärtsch , Marilyn Mazur , Jan Garbarek , Kim Kashkashian, e etc. Em 2011, foi lançado o CD com a trilha sonora do documentário, englobando toda a surpreendente diversidade musical destes músicos e compositores -- desde a música erudita contemporânea do compositor Arvo Pärt, passando pelo tango contemporâneo de Dino Saluzzi até o modern-creative jazz do pianista Nik Bärtsch. Por fim, um dos últimos documentários produzidos pela ECM foi lançado em 2014: trata-se do documentário Arrows Into Infinity (ECM 5052) com foco em Charles Lloyd e dirigido por sua esposa Dorothy Darr junto com Jeffery Morse. No mesmo ano, o documentário Radhe Radhe: Rites of Holi (ECM 5507) trouxe imagens de Prashant Bhargava sobre o colorido festiva hindú de Holi, tendo como trilha sonora a música exuberante de Vijay Iyer. E para completar a compreensão em torno do universo ECM, temos o livro "Windfall Light: The Visual Language of ECM", que trata do design gráfico das capas de álbuns da gravadora, da sua distinta linguagem visual, que é tão conceitual quanto sua produção musical. O book aborda capas de discos que vão de 1996 até o final dos anos 2000. Através dos anos, Manfred Eicher trabalhou com muitos designers e fotógrafos, mas alguns deles -- tais como Barbara Wojirsch (a principal designer a criar o vocabulário visual dos discos da gravadora em seus primeiros 25 anos), Dieter Rehm , Sascha Kleis e Mayo Bucher -- tiveram mais preponderância na criação da poética visual da ECM. O book aborda a estética gráfica e fotográfica, as inspirações artísticas no cinema e nas fontes literárias que os designers e fotógrafos usam para criar as capas dos discos da gravadora, tentando imprimir um elo entre imagem e música.