Arquivo do Blog

Facts & News not to Forget 2023: nomeados ao GRAMMY, "250 Greatest Guitarists of All Time" da Rolling Stones, etc

ESPERANZA SPALDING/ ILUSTRAÇÃO: ROLLING STONES MAGAZINE

A influente revista americana Rolling Stones acabou de atualizar, agora em outubro passado, sua popular lista dos "100 Maiores Guitarristas de Todos os Tempos", uma lista que tem sido importante referência do range blues-rock-jazz-pop, uma referência para qualquer amante de guitarra, instrumento que revolucionou a música popular a partir da segunda metade do século 20. Essa é a segunda atualização publicada pela revisa desde a edição de 8 de dezembro de 2011, que atualizou a primeira lista de 2003: em ambas as publicações, a revista se limitou a enfatizar uma lista de apenas 100 dos mais legendários guitarristas que tiveram grande impacto na história da música popular, sendo listados majoritariamente guitarristas do rock e do pop, com alguns poucos guitarristas de blues e de jazz também sendo listados. Já entre a primeira e segunda lista, entre 2003 e 2011, houve muitas críticas negativas acusando a magazine americana de preconceito contra as guitarristas mulheres: na lista de 2003 apenas Joni Mitchell e Joan Jett figuravam entre os maiores guitarristas de todos os tempos, e na atualização de 2011 foram listadas apenas Joni Mitchell e Bonnie Raitt —— ou seja, apenas duas guitarristas femininas figuravam entre os 100 maiores nomes da guitarra, de acordo a revista. Em resposta à Rolling Stones, então, a revista feminina Venus Zine publicou sua própria lista composta apenas por guitarristas mulheres, intitulada "The Greatest Female Guitarists of All Time". Nesta atualização de 2023, enfim, a Rolling Stones considerou as tendências contemporâneas de lutas contra os vários preconceitos e de luta pela igualdade de gênero e fez várias mudanças em seus critérios para que, agora, fosse publicada uma atualização mais justa: houve uma ampliação de 100 para 250 dos maiores guitarristas; houve um aumento considerável de guitarristas femininas; houve uma mudança considerável em direção a enfatizar os impactos que vários outros guitarristas de vários outros estilos causaram nos âmbitos continental e mundial, englobando vários gêneros de música ao redor do mundo tais como, por exemplo, o reggae, a bossa nova, o flamenco, a música latina, a world music e etc; e houve uma mudança em direção a considerar que o impacto que os grandes guitarristas —— homens e mulheres —— tem causado na música não advém apenas do virtuosismo técnico, mas dos seus sentimentos e expressividades, das suas inventividades, dos seus estilos pessoais e das suas singularidades, das suas inovações estéticas, das suas misturas estilísticas, e etc. Essas mudanças de critérios derriba, por exemplo, aquele velho paradigma de que só os guitarristas virtuoses capazes de tocar solos velozes, riffs inflamados ou improvisos de centenas de notas por minuto deveriam ser considerados. No preâmbulo da lista, a Rolling Stones explica da seguinte forma: "Our only instrumental criteria is that you had to be a six-string player. (All you Balalaika shredders out there, keep at it; maybe next time). In making the list, we tended to value heaviness over tastiness, feel over polish, invention over refinement, risk-takers and originators more than technicians. We also tended to give an edge to artists who channeled whatever gifts god gave them into great songs and game-changing albums, not just impressive playing". Bem...justa mesmo, dificilmente qualquer lista será: qualquer lista já é, por si só, limitante em vários aspectos. Mas a tentativa foi bem vinda e essa expansão em números, gêneros e amplitudes estilísticas tem sido, mesmo, uma tendência inerente da nossa contemporaneidade, nessa era onde a internet expandiu enormemente a pesquisa e a busca por informação e onde a universalidade da música tem ajudado muito na luta contra os preconceitos, contra a misoginia e na luta pela igualdade de gênero, causas sociais que neste início de século ganharam vozes cada vez mais unidas no contexto cibernético-global, além do fato das mulheres estarem cada vez mais reafirmando seu importante papel na sociedade, bem como seus direitos de estarem onde elas queiram estar e em pé de igualdade com seus semelhantes homens. Mesmo em relação as famigeradas listas dos "maiores álbuns e dos maiores clássicos", que dantes se limitavam em números muito pequenos ante a infinidade de registros que inovaram e renovaram a música, tem havido uma tendência de expansão que deixam os rankings de estilo top 10, top 20 e top 30 há muito tempo ultrapassados: vide as próprias listas da Rolling Stones denominadas "500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos" (2003) e "500 Melhores Canções de Todos os Tempos" (2004). Ademais, e como nem tudo são flores, essa lista "250 Greatest Guitarists of All Time" da Rolling Stones não deixou de ser criticada por diversos sites, blogs, músicos e fãs pelas omissões de vários grandes e influentes guitarristas. O guitarrista Vernon Reid, da banda Living Colour e um dos nomes essenciais do funk-rock, tuítou um comentário onde se diz muito honrado em estar na 42ª posição da lista (apesar de ter reafirmado não gostar de rankings), mas ele e seus fãs não deixaram de expressar, em vários tuítes, o desapontamento pela Rolling Stones não ter incluído nomes como Allan Holdsworth, Mike Bloomfield, Joe Bonamassa, Michael Schenker (das bandas UFO e Scorpions), Neal Schon (das bandas Journey, Bad English, Santana e etc), Richie Sambora (da banda de Bon Jovi), e vários outros. Já o site da revista 👉Guitar World (que também tem listas semelhantes) publicou um artigo comentando a lógica do ranqueamento e criticando as gritantes exclusões de guitarristas inovadores e influentes tais como o pioneiro do subgênero djent Misha Mansoor, guitarristas que ajudaram a variabilizar o prog e o metal tais como John Petrucci, Mastodon, Yngwie Malmsteen, Jason Becker e Marty Friedman, bem como guitarristas de subgêneros mais jovens das últimas décadas tais como Robin Guthrie (pioneiro do shoegaze, gótico e dream pop), Steve Lacy (da banda The Internet) e Adrienne Lenker (da banda de indie folk Big Thief). Eu, particularmente, senti falta de figuras brasileiras como Baden Powell e Raphael Rabello, de grandes medalhões do jazz tais como George Benson, Larry Coryell, Al Di Meola, Pat Martino, Stanley Jordan, John Abercrombie, Marc Ducret, Derek Bailey, entre inúmeros outros, bem como acho que a revista poderia considerar nomes influentes das últimas décadas como Peter Berstein, David Gilmore, David Fiuczynski, guitarristas japoneses (Masayoshi Takanaka, Masayuki Takayanagi, Otomo Yoshihide e etc), e ainda acho que dois ou três nomes da nova geração do jazz e da música improvisada deveriam ser considerados: Mary Halvorson e Julian Lage, por exemplo... Contudo, devemos considerar o quão deve ter sido difícil para os críticos, que foram convidados pela revista para este certame, retirar alguns nomes já manjados, incluir outros novos nomes e buscar uma maior variedade de estilos... Mas, enfim..., essa lista da Rolling Stones, com todas suas mudanças de critério, é muito bem vinda e já sinaliza uma considerável evolução para uma maior amplitude da guitarra (acústica, elétrica, vários estilos de guitarra) como um dos principais instrumentos a revolucionar a música popular a partir da segunda metade do século 20 até hoje. Inclusões de figuras como a precursora guitarrista do gospel e rock'n'roll Sister Rosetta Tharpe, a bossanovista guitarrista brasileira Rosinha de Valença, o mestre africano Ali Farka Touré, o improvisador do japanoise Keiji Haino e os guitarristas americanos James Blood Ulmer, Nels Cline e Marc Ribot, entre outras, foram escolhas mais do que felizes neste conceito de abrangência mais justa e diversa! Na próxima edição —— daqui a 10 anos?! —— quem sabe a Rolling Stones nos traga uma lista ainda mais justa e abrangente, algo em torno de uns 350 ou 400 nomes de vários gêneros de vários lugares do mundo. Segue abaixo a lista recentemente publicada. Para quem quiser saber das justificativas para a escolha de cada um dos guitarristas, acesse o link da 👉 Rolling Stones:

1. Jimi Hendrix 2. Chuck Berry 3. Jimmy Page (Led Zeppelin) 4. Eddie Van Halen (Van Halen) 5. Jeff Beck (The Yardbirds) 6. Sister Rosetta Tharpe 7. Nile Rodgers (Chic) 8. Riley “B.B.” King 9. Joni Mitchell 10. Duane Allman (Allman Brothers Band) 11. Carlos Santana (Santana) 12. Jimmy Nolen (James Brown) 13. Tony Iommi (Black Sabbath) 14. Prince (Rogers Nelson) 15. Keith Richards (The Rolling Stones) 16. Robert Johnson 17. Mother Maybelle Carter 18. Tom Morello (Rage Against the Machine) 19. Freddie King 20. Stevie Ray Vaughan (Double Trouble) 21. Randy Rhoads (Ozzy Osbourne) 22. Albert King 23. James Hetfield and Kirk Hammett (Metallica) 24. James Burton (Elvis Presley) 25. John Frusciante (Red Hot Chili Peppers) 26. St. Vincent (Annie Clark) 27. Buddy Guy 28. David Gilmour (Pink Floyd) 29. Eddie Hazel (Parliament Funkadelic) 30. Neil Young 31. George Harrison 32. Jack White (The White Stripes) 33. Brian May (Queen) 34. Jerry Garcia (Grateful Dead) 35. Eric Clapton 36. Elizabeth Cotton 37. Pete Townsend (The Who) 38. Angus Young and Malcolm Young (AC/DC) 39. Chet Atkins 40. John Fahey 41. Bo Diddley (Elias McDaniel) 42. Vernon Reid (Living Colour) 43. Johnny Greenwood and Ed O’Brien (Radiohead) 44. Johnny Ramone (John Cummings, The Ramones) 45. Steve Cropper (Booker T & the MG’s) 46. Frank Zappa (The Mothers of Invention) 47. The Edge (David Evans, U2) 48. Curtis Mayfield 49. Polly Jean “PJ” Harvey 50. Elmore James 51. Tom Verlaine (Television) 52. John Lee Hooker 53. Ernest “Trey” Anastasio (Phish) 54. Bonnie Raitt 55. Mick Taylor (The Rolling Stones) 56. Johnny Marr (The Smiths) 57. Thurston Moore and Lee Ranaldo (Sonic Youth) 58. Alex Lifeson (Rush) 59. Robert Fripp (King Crimson) 60. Scotty Moore (Elvis Presley) 61. John Mayer (Dead & Company) 62. Peter Green (Fleetwood Mac) 63. Richard Thompson (Fairport Convention) 64. Carrie Brownstein (Sleater-Kinney) 65. Aaron “T-Bone” Walker 66. Ryland “Ry” Cooder 67. Kevin Shields (My Bloody Valentine) 68. Les Paul 69. Robbie Robertson (The Band) 70. Django Reinhardt 71. Franco Luambo 72. John McLaughlin 73. Hubert Sumlin 74. J Mascis (Dinosaur Jr.) 75. Ritchie Blackmore (Deep Purple) 76. Joan Jett (The Blackhearts) 77. Willie Nelson 78. Charlie Christian 79. Ernie Isley (The Isley Brothers) 80. Derek Trucks (Tedeschi Trucks Band) 81. Bert Jansch 82. Wes Montgomery 83. Adrian Smith and Dave Murray (Iron Maiden) 84. Muddy Waters (McKinley Morganfield) 85. Larry Carlton 86. Sonny Sharrock 87. Poison Ivy (The Cramps) 88. Kurt Cobain (Nirvana) 89. Lou Reed 90. Mdou Moctar 91. Cat Coore (Third World) 92. Wata (Boris) 93. Leo Nocentelli (The Meters) 94. Joe Satriani 95. Mary Timony (Helium) 96. Mark Knopfler (Dire Straits) 97. Stephen Malkmus (Pavement) 98. Link Wray 99. Tosin Abasi (Reflux) 100. Kerry King (Slayer) 101. John Fogerty (Creedence Clearwater Revival) 102. Billy Gibbons (ZZ Top) 103. Nancy Wilson (Heart) 104. Ali Farka Touré 105. Slash (Saul Hudson, Guns N’ Roses) 106. Peter Buck (R.E.M.) 107. Clarence White 108. Merle Travis 109. Mick Ronson (David Bowie) 110. Lindsay Buckingham (Fleetwood Mac) 111. Kelly Johnson (Girlschool) 112. Rowland S. Howard (The Birthday Party) 113. Allen Collins and Gary Rossington (Lynyrd Skynyrd) 114. Robert Quine 115. Nels Cline (Wilco) 116. Ana da Silva (The Raincoats) 117. Albert Collins 118. Adrian Belew 119. Donita Sparks (L7) 120. Warren Haynes (Gov’t Mule) 121. Dick Dale 122. King Sunny Ade 123. Steve Howe (Yes) 124. Mike McCready and Stone Gossard (Pearl Jam) 125. Viv Albertine (The Slits) 126. Kim Thayil (Soundgarden) 127. Steve Vai 128. Bob Stinson (The Replacements) 129. Nita Strauss (Alice Cooper) 130. Joe Walsh (The Eagles) 131. “Dimebag Darrell” Abbott (Pantera) 132. Nils Lofgren (Bruce Springsteen & the E Street Band) 133. Robert Cray 134. Bob Mould (Hüsker Dü) 135. Roger McGuinn (The Byrds) 136. Joe Perry (Aerosmith) 137. Liz Phair 138. Mabon “Teenie” Hodges 139. Susan Tedeschi (Tedeschi Trucks Band) 140. Stephen Stills 141. Fredrik Thordendal (Meshuggah) 142. Joao Gilberto 143. Ira Kaplan (Yo la Tengo) 144. Odetta (Odetta Holmes) 145. Dickey Betts (Allman Brothers Band) 146. Mike Bloomfield (Electric Flag) 147. Memphis Minnie (Lizzie Douglas) 148. Ike Turner 149. Ron Ashton (The Stooges) 150. Marissa Paternoster (Screaming Females) 151. Pete Cosey 152. Ani DiFranco 153. Otis Rush 154. Bill Frisell 155. Yvette Young (Covet) 156. Carl Perkins 157. Pat Metheny 158. Johnny Thunders (New York Dolls) 159. John Lennon 160. Kim Deal and Kelly Deal (The Breeders) 161. Tim Henson (Polyphia) 162. Rosinha de Valenca 163. Melvin “Wah” Watson 164. Dave Davies (The Kinks) 165. Rokia Traoré 166. Johnny Winter 167. James Williamson (The Stooges) 168. John Cipollina (Quicksilver Messenger Service) 169. Jessie Mae Hemphill 170. Phil Manzanera (Roxy Music) 171. D. Boon (Minutemen) 172. Chrissie Hynde (The Pretenders) 173. Paul McCartney 174. Marty Stuart 175. Rory Gallagher 176. Sadie Dupuis (Speedy Ortiz) 177. Rodrigo Sánchez and Gabriela Quintero 178. Skip James 179. Ernest Ranglin 180. Mike Campbell (Tom Petty & the Heartbreakers) 181. Larissa Strickland 182. Earl “Chinna” Smith (Bob Marley & the Wailers) 183. Roy Buchanan 184. Eldon Shamblin (Bob Wills & His Texas Playboys) 185. Peggy Jones 186. Steve Lukather (Toto) 187. Marc Ribot 188. Marnie Stern 189. Jerry Cantrell (Alice in Chains) 190. Sam “Lightnin’” Hopkins 191. Chalmers “Spanky” Alford 192. Lita Ford 193. David Lindley 194. Brian Robertson and Scott Gorham (Thin Lizzy) 195. Greg Ginn (Black Flag) 196. James Taylor 197. Nuno Bettencourt (Extreme) 198. Jerry Reed 199. Bombino (Omara Moctar) 200. Kingfish (Christone Ingram) 201. Gary Shider (Parliament Funkadelic) 202. Vince Gill 203. Grant Green 204. Lynn Taitt 205. Eric Johnson 206. Hugh McCracken 207. Justin Broadrick (Godflesh) 208. Amadou Bagayoko 209. Gary Clark Jr. 210. Kaki King 211. Nick Zinnber (Yeah Yeahs) 212. José Feliciano 213. Lucy Dacus 214. Keiji Haino 215. Kurt Vile 216. Steve Hackett (Genesis) 217. Thomas McClary (The Commodores) 218. Lzzy Hale (Halestorm) 219. K.K. Downing and Glenn Tipton (Judas Priest) 220. Courtney Barnett 221. James Blood Ulmer 222. Molly Tuttle 223. Joseph Spence 224. Marv Tarplin (Smokey Robinson & the Miracles) 225. Fred “Sonic” Smith and Wayne Kramer (MC5) 226. El Kempner (Palehound) 227. Glenn Branca 228. Steve Jones (The Sex Pistols) 229. Barbara Lynn 230. Gustavo Cerati 231. Etta Baker 232. David Williams 233. H.E.R. (Gabriella Wilson) 234. John McGeoch (Magazine) 235. Laura Martling 236. Greg Sage (The Wipers) 237. Jennifer Batten 238. Doug Gillard (Guided by Voices) 239. Duane Eddy 240. Erin Smith (Bratmobile) 241. Keith Urban 242. Lindsey Jordan (Helium) 243. Aaron Dessner and Bryce Dessner 244. Edilio Paredes 245. Leslie West (Mountain) 246. Paul Simon 247. Ricky Wilson (B-52s) 248. Robbie Krieger (The Doors) 249. Brittany Howard (Alabama Shakes) 250. Andy Summers (Police)

O GRAMMY Award, o OSCAR da música, acaba de anunciar os músicos, bandas, gravações, performances e álbuns nomeados a ganhar, em 4 de janeiro de 2024, a maior premiação anual do mercado fonográfico. Nesta edição, com a intenção de tornar a premiação mais justa e inclusiva, três novas categorias foram adicionadas: Melhor Performance Musical Africana, Melhor Álbum de Jazz Alternativo e Melhor Gravação de Pop Dance. Para nós interessa-nos saber apenas as nomeações respectivas à música instrumental. Além dos nomes abaixo, destaco as indicações do álbum The Moaninest Moan of Them All: The Jazz Saxophone of Loren McMurray, 1920-1922, na categoria de Melhor Album Histórico e das notas do encarte do álbum Evenings At The Village Gate: John Coltrane With Eric Dolphy (Live), escritas pelo cronista de jazz Ashley Kahn, na categoria Best Album Notes. Aqui no blog não usamos esses rankings e premiações como parâmetros para pesquisas ou apreciação, pois prezamos por uma garimpagem holística não-mercadológica que vai do mainstream ao mais experimental. Mas é interessante o ouvinte-leitor estar inteirado sobre os nomes e os álbuns que estão sendo valorizados pela mídia e pelo mercado. Algumas das indicações abaixo já foram, inclusive, previamente abordadas aqui no blog apenas pelo exercício de estarmos sempre atentos ao que há de mais criativo. É preciso notar que o GRAMMY, enfim, também está seguindo essa mesma diretriz de nomeações dentro de um escopo mais diverso e igualitário, nomeando, por exemplo, vários álbuns, obras e performances de compositoras, musicistas mulheres e compositores negros de música erudita, os quais dantes não seriam nem lembrados.👈Neste tuíte ao lado temos acesso à lista completa. Segue abaixo as nomeações que nos interessa no âmbito instrumental. Deixarei sinalizadas as nomeações as quais acredito e torço para que sejam premiadas, considerado os níveis de criatividade, experimentação e originalidade:

Melhor Álbum de Jazz Alternativo

  • “Love in Exile,” Arooj Aftab, Vijay Iyer, Shahzad Ismaily
  • “Quality Over Opinion,” Louis Cole
  • “SuperBlue: The Iridescent Spree,” Kurt Elling, Charlie Hunter, SuperBlue
  • “Live at the Piano,” Cory Henry
  • “The Omnichord Real Book,” Meshell Ndegeocello

Melhor Performance de Jazz

  • Jon Batiste – Movement 18’ (Heroes)
  • Lakecia Benjamin – Basquiat
  • Adam Blackstone com The Baylor Project & Russell Ferranté – Vulnerable
  • Fred Hersch & Esperanza Spalding – But Not For Me
  • Samara Joy – Tight

Melhor Álbum Vocal de Jazz

  • Patti Austin com Gordon Goodwin’s Big Phat Band – For Ella 2
  • Fred Hersch & Esperanza Spalding – Alive at the Village Vanguard
  • Gretchen Parlato & Lionel Loueke – Lean In
  • Cécile McLorin Salvant – Mélusine 
  • Nicole Zuraitis – How Love Begins

Melhor Álbum Instrumental de Jazz

  • Kenny Barron – The Source
  • Lakecia Benjamin – Phoenix 
  • Adam Blackstone – Legacy: The Instrumental Jawn
  • Billy Childs – The Winds of Change
  • Pat Metheny – Dream Box

Melhor Álbum de Jazz com Grande Ensemble

  • ADDA Simfònica, Josep Vicent, Emilio Solla – The Chick Corea Symphony Tribute – Ritmo
  • Darcy James Argue’s Secret Society – Dynamic Maximum Tension
  • The Count Basie Orchestra Directed By Scotty Barnhart – Basie Swings The Blues
  • Vince Mendoza & Metropole Orkest – Olympians
  • Mingus Big Band – The Charles Mingus Centennial Sessions

Melhor Álbum de Jazz Latino

  • Eliane Elias – Quietude
  • Ivan Lins with the Tblisi Symphony Orchestra – My Heart Speaks
  • Bobby Sanabria Multiverse Big Band – Vox Humana
  • Luciana Souza & Trio Corrente – Cometa
  • Miguel Zenón & Luis Perdomo – El Arte Del Bolero Vol. 2 

Melhor Arranjo, Instrumentos e Vocais - Jazz

  • Gordon Goodwin (arranjador) com Cécile McLorin Salvant – Fenestra 
  • Maria Mendes ft. John Beasley (arranjadores) & Metropole Orkest – Com Que Voz (Live)
  • Patti Austin ft. Gordon Goodwin’s Big Phat Band – April in Paris
  • säje ft. Jacob Collier – In the Wee Small Hours of the Morning
  • Kendric McCallister (arranjador) com Samara Joy – Lush Life

Melhor Álbum de Música Instrumental Contemporânea

  • Béla Fleck, Zakir Hussain, Edgar Meyer com Rakesh Chaurasia – As We Speak
  • House of Waters – On Becoming
  • Bob James – Jazz Hands
  • Julian Lage – The Layers
  • Ben Wendel – All One

Melhor Composição Instrumental

  • Béla Fleck, Edgar Meyer & Zakir Hussain Featuring Rakesh Chaurasia – Motion
  • John Williams – Helena’s Theme
  • Lakecia Benjamin ft. Angela Davis – Amerikkan Skin
  • Ludwig Göransson – Can You Hear the Music
  • Quartet San Francisco Featuring Gordon Goodwin’s Big Phat Band – Cutey And The Dragon

Melhor Arranjo, Instrumental ou A Cappella

  • Hilario Duran And His Latin Jazz Big Band Featuring Paquito D’Rivera – I Remember Mingus
  • Just 6 – Angels We Have Heard On High
  • Ludwig Göransson – Can You Hear the Music
  • The String Revolution ft. Tommy Emmanuel – Folsom Prison Blues
  • Wednesday Addams – Paint It Black

Melhor Performance Orquestral - Música Erudita

  • Buffalo Philharmonic Orchestra – Scriabin: Symphony No. 2; The Poem Of Ecstasy
  • Los Angeles Philharmonic – Adès: Dante
  • Netherlands Radio Philharmonic Orchestra – Bartók: Concerto For Orchestra; Four Pieces
  • The Philadelphia Orchestra – Price: Symphony No. 4; Dawson: Negro Folk Symphony
  • San Francisco Symphony – Stravinsky: The Rite of Spring

Melhor Performance Coral - Música Erudita

  • The Clarion Choir – Rachmaninoff: All-Night Vigil
  • The Crossing – Carols After a Plague
  • Miró Quartet; Conspirare – The House Of Belonging
  • San Francisco Symphony Chorus – Ligeti: Lux Aeterna
  • Uusinta Ensemble; Helsinki Chamber Choir – Saariaho: Reconnaissance

Melhor Performance de Música de Câmara/Pequeno Grupo - Música Erudita

  • Anthony McGill & Pacifica Quartet – American Stories
  • Catalyst Quartet – Uncovered, Vol. 3: Coleridge-Taylor Perkinson, William Grant Still & George Walker
  • Roomful Of Teeth – Rough Magic
  • Third Coast Percussion – Between Breaths
  • Yo-Yo Ma, Emanuel Ax & Leonidas Kavakos – Beethoven For Three: Symphony No. 6, ‘Pastorale’ And Op. 1, No. 3

Melhor Performance Instrumental Solo - Música Erudita

  • Robert Black – Adams, John Luther: Darkness And Scattered Light
  • Andy Akiho – Akiho: Cylinders
  • Yuja Wang; Teddy Abrams, conductor (Louisville Orchestra) – The American Project
  • Seth Parker Woods – Difficult Grace
  • Curtis Stewart – Of Love

Melhor Gravação de Ópera

  • The Metropolitan Opera Orchestra; The Metropolitan Opera Chorus – Blanchard: Champion
  • Boston Modern Orchestra Project & Odyssey Opera Chorus – Corigliano: The Lord Of Cries
  • The Dime Museum; Isaura String Quartet – Little: Black Lodge

Melhor Álbum de Solo Vocal - Música Erudita

  • Reginald Mobley, solista; Baptiste Trotignon, pianista – Because
  • Karim Sulayman, solista; Sean Shibe, acompanhante – Broken Branches
  • Laura Strickling, solista; Daniel Schlosberg, pianista – 40@40
  • Lawrence Brownlee, solista; Kevin J. Miller, pianista – Rising
  • Julia Bullock, solista; Christian Reif, maestro (Philharmonia Orchestra) – Walking In The Dark
Melhor Compêndio - Música Erudita
  • Anne Akiko Meyers – Fandango
  • Christopher Rountree, conductor – Julius Eastman, Vol. 3: If You’re So Smart, Why Aren’t You Rich?
  • Peter Herresthal – Mazzoli: Dark With Excessive Bright
  • Alex Brown, Harlem Quartet, Imani Winds, Edward Perez, Neal Smith & A.B. Spellman – Passion For Bach And Coltrane
  • Chick Corea – Sardinia
  • Andy Akiho – Sculptures ⭐
  • Aaron Diehl Trio & The Knights – Zodiac Suite

Melhor Composição de Música Erudita Contemporânea

  • Thomas Adès (compositor) com Gustavo Dudamel & Los Angeles Philharmonic): Dante
  • Andy Akiho (compositor) com Andy Akiho, Ankush Kumar Bahl & Omaha Symphony: In That Space, At That Time
  • William Brittelle (compositor) com Roomful Of Teeth: Psychedelics ⭐
  • Missy Mazzoli (compositor) com Peter Herresthal, James Gaffigan & Bergen Philharmonic: Dark With Excessive Bright
  • Jessie Montgomery (compositor) com Awadagin Pratt, A Far Cry & Roomful Of Teeth: Rounds

A Gramophone Magazine, a mais conceituada publicação especializada em música erudita, também publicou sua importante premiação Gramophone Classical Music Awards 2023. Para estarmos inteirados, então, interessa-nos, aqui para o blog, enfatizar os álbuns e as produções que a magazine inglesa laureou nos âmbitos da música moderna e contemporânea. Na categoria Melhor Álbum de Música Coral, a Gramophone premiou, então, o álbum Cage Choral Works (Ondine, 2023) que traz as curiosas peças que o vanguardista americano John Cage escreveu para vozes gravadas pelo Latvian Radio Choir, com direção de Sigvards Kļava. A magazine também premiou como Melhor Álbum Instrumental o álbum Bartók. Eötvös. Ligeti. Veress - Music for Solo Violin and Viola (BIS, 2023), gravado pelo violinista e violista Nurit Stark. Na categoria Ópera, a Gramophone premiou o álbum onde a London Philharmonic Orchestra registra a The Midsummer Marriage (BBC Recording), ópera de Michael Tippett, compositor do modernismo inglês que tem conquistado tardio reconhecimento neste início do século 21. Na categoria Orchestral & Recording of the Year, a revista premiou o álbum Nielsen Symphonies Nos 4, ‘The Inextinguishable’ & 5 (Deutsche Grammophon, 2023), com essas duas sinfonias escritas pelo compositor dinamarquês Carl Nielsen (1865-1931) gravadas pela Danish National Symphony Orchestra sob regência de Fabio Luisi. Na categoria de Melhor Álbum de Piano foi premiado o álbum Szymanowski - Piano Works (Deutsche Grammophon, 2023), gravado pelo pianista Krystian Zimerman, que dá sua leitura para as peças pianísticas do compositor polonês Karol Szymanowski (1882-1937). Particularmente, considero a abordagem da listagem e do ranqueamento de obras e álbuns mantida pela Gramophone Magazine um tanto conservadora, com quase nenhuma obra estando próxima àquele modernismo de impacto ou de identificação contemporânea concernente ao nosso tempo presente sendo enfatizada: percebe-se claramente que há pouca disposição para premiar compositores contemporâneos das últimas décadas e a escolha das obras e álbuns é quase sempre neoclássica, uma escolha que evita totalmente que peças dissonantes, com paletas sonoras intrigantes e/ou com estruturas e cores incomuns, agridam os ouvidos de um público já acostumado, todos os anos, a apreciar a mais "nova" releitura de algum pianista ou orquestra sobre peças tarimbadas de Mozart, Bach, Brahms, Rachmaninof, Bártok...e, para dar uma mínimo de contraste, os críticos da revista escolhem meia  dúzia de peças menos difundidas daqueles compositores modernos de estilo neoclássico ou neorromântico para disfarçar a mesmice e o pedantismo que esse público sempre alimenta através dessa manjada glicose sinfônica e camerística. Ou seja, é sempre os mesmos compositores, sempre o mesmo modus operandi. Contudo, uma surpresa nos sobreveio nesta premiação da Gramophone Magazine de 2023: que foi a premiação na categoria Melhor Álbum Contemporâneo dada ao álbum Sigla. Flounce. Sedecim (Ondine, 2023) com peças da compositora finlandesa Lotta Wennäkoski registradas pela Finnish Radio Symphony Orchestra sob direção de Nicholas Collon. Este álbum foi resenhado aqui👉no blog e é, com certeza, um dos grandes lançamentos de música erudita de 2023: leiam! Lotta Wennäkoski (foto acima) é uma super compositora de estilo intrincado, luminoso, um cheio de camadas e sobreposições incomuns e merece todo destaque possível!




CULTURA | LAZER | SHOWS | CONCERTOS | EXPOSIÇÕES | OFICINAS——————————————————————————————————————