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| HERMETO PASCOAL | MARY HALVORSON | JAMESZOO | ERROLLYN WALLEN | PETER DANEMO |
Abaixo lhes trago alguns dos excelentes álbuns lançados entre 2024 e 2025. O período de registros considerado vai de novembro de 2024 até o fim de outubro de 2025. Nesse intervalo, não priorizamos a exposição de novos registros aqui no blog, pois demos vazão nos podcasts, nas listas temáticas e em pesquisas afins. Tanto que não fizemos a retrospectiva de 2024 —— sugiro ao leitor, aliás, que reveja as outras
👉retrospectivas clicando na tag respectiva aqui no blog, para se inteirar sobre os músicos que estão em evidência criativa nos últimos anos. Mesmo assim —— e mesmo com a correria do dia a dia, comum na vida pessoal de qualquer trabalhador paulistano ——, ainda conseguimos resenhar aqui cerca de 20 lançamentos variados, na tentativa de manter nosso ouvinte-leitor antenado com algumas novidades das searas e gêneros da música instrumental que cobrimos. Um dos criadouros mais explorados pelo Instrumental Verves nestes tempos tem sido a Europa e seus cenários: figuras como o pianista suíço
Jean-Paul Brodbeck, o baterista e bandleader sueco
Peter Danemo, o contrabaixista sueco
Petter Eldh, o tubista norueguês
Daniel Herskedal e o saxofonista português
Rodrigo Amado, entre outros, são exemplos de quão ricas estão as várias cenas do jazz e da música improvisada no continente europeu. Aqui no Brasil, sentimos muito com a despedida do multinstrumentista e mago dos sons
Hermeto Pascoal, que chegou a ganhar grande notoriedade antes de falecer com um Grammy Latino, exposições e livros que foram lançados com seu nome. Ainda assim, o cenário pós-pandemia começou a melhorar muito a partir de 2023 e hoje temos um saldo bastante positivo no Brasil, com uma nova onda de revalorização cultural e, por consequência, com muitos músicos, bandas e cantores retomando suas sequências de novos e inovadores projetos. O que nos falta mesmo é tempo para acompanhar todas as novidades que pipocam dia a dia. No mais, o que percebemos é que o jazz está adquirindo uma amplitude cada vez mais universal de um gênero que, na verdade, tornou-se poligênero: estilos historicamente definíveis como o straight-ahead, o post-bop, o free jazz clássico à la
John Coltrane e à la
Albert Ayler, bem como o neo-bop instaurado pela geração young lions nos anos 1980, 1990 e início dos anos 2000, todos esses estilos hoje se encontram em muito menor evidência, apesar de não terem perdido sua influência. O que mais domina as cenas atuais é um campo de um subgênero que chamam de modern-creative, marcado por um hibridismo incategorizável entre formas criativas e idiossincráticas de composição —— muitas vezes determinadas pelas singularidades individuais dos próprios músicos, com cada músico compondo e escrevendo arranjos à sua maneira (apesar de sempre muito bem embasados) ——, enxertos de música livremente improvisada, elementos inflexionados de gêneros variados (post-bop, m-base, fusion, avant-pop, indie-alt-rock, world music, música erudita e etc.), além da incorporação de recursos e efeitos eletrônicos. Tudo isso se soma às particularidades culturais regionais de cada cenário em cada localidade e em cada país, proporcionando um hibridismo entre a tradição e o experimental, entre o convencional e o exploratório, entre a improvisação e a composição escrita, entre o tribal e o contemporâneo, entre o orgânico e o eletrônico, assim trazendo frescor e renovação ao jazz como uma música de ampla liberdade criativa. Artistas supercriativos como a guitarrista
Mary Halvorson, o saxofonista
Steve Lehman, o pianista
Vijay Iyer, o trompetista
Ambrose Akinmusire, o também trompetista
Peter Evans, o sax-altoísta
Tim Berne, a vibrafonista
Patricia Brennan e o baterista
Dan Weiss, entre outros, têm sido protagonistas nas cenas do jazz norte-americano e na mídia especializada através desse modern-creative de hibridismo incategorizável que hoje enriquece o jazz. Consequentemente, os arranjos e instrumentações usadas sugerem bandas cada vez mais híbridas, já distantes das formações tradicionais de trios, quartetos, quintetos e outros combos convencionais. É interessante notar como, cada vez mais, cai por terra a dicotomia entre mainstream e avant-garde: a música experimental já não é mais aquele bicho de sete cabeças —— muito em função da contribuição da internet na disseminação de músicos e bandas progressivas e experimentais ——, e músicos associados ao avant-garde unem-se cada vez mais a músicos do mainstream, e vice-versa, para criar uma arte sonora híbrida e incategorizável. Da mesma forma, observamos cenários ao redor do mundo em que, mesmo os grandes teatros e palcos midiáticos ainda se enclausurando sob aquele classicismo pedante, as características do pós-minimalismo, do neorromantismo e do neoclassicismo se diluem ainda mais diante da tendência da produção independente que passa a ditar os rumos desse gênero secular atrav composições cada vez híbridas: uma música em que as técnicas estendidas se tornam elementos efetivos da composição, em que a improvisação —— oriunda do jazz e da música experimental livre —— também se torna ingrediente, em que a eletrônica pop, por meio de sintetizadores e outros dispositivos portáteis, passa a ser um recurso plenamente respeitável, em que passagens dodecafônicas e inflexões tímbricas aprendidas com
Schoenberg e
Messiaen convivem em harmonia com tonalidades diatônicas, em que o improvisador, o músico de jazz e o DJ de música eletrônica também dominam a escrita erudita e o arranjo sinfônico, e em que aquele compositor acadêmico outrora austero já não teme incorporar elementos do jazz, da eletrônica e da cultura pop e se atrelar às tendências mais jovens e descoladas. Enfim... apesar de toda a distopia deste início de século, vivemos a era de maior liberdade criativa da história. Feliz e próspero 2026 a todos!!!
Músico do Ano - Ivo Perelman
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Nas retrospectivas anteriores, não tivemos aqui no Instrumental Verves a categoria de "músico do ano", mas, dada a criatividade e a superproducência do saxofonista brasileiro, naturalizado americano, Ivo Perelman, achei pertinente assim destacá-lo neste post. Sempre recebemos os briefings e os lançamentos do saxofonista em primeira mão e por meio de publicações em suas redes sociais, e chega a ser impressionante como esse grande artista, mesmo produzindo uma música abstrata, descolada de convenções, consegue empreender tantas configurações e parcerias diferentes a cada ano. Ivo Perelman sempre manteve seu sopro enraizado na liberdade improvisatória daquele free jazz enérgico, com aspectos sonoros advindos da arte da pintura abstrata e da alquimia entre o cósmico e as interações humanas, e sua busca individual evidencia que ele é um dos artistas que mais expandem a arte do livre improviso para o campo das múltiplas interações, com diferentes formações instrumentais e parcerias com músicos diversos. Entre 2024 e 2025, Ivo Perelman lançou álbuns com seus parceiros de sempre e empreendeu outras tantas parcerias e combinações instrumentais distintas. Nesse período, o músico lançou ao menos 15 registros —— isso do que conseguimos contabilizar... —— e segue estabelecendo sua marca em selos e gravadoras independentes como a polonesa Fundacja Słuchaj! e as americanas TAO Forms, Mahakala Music e Burning Ambulance, entre outros. Sua proeminência nesse período o levou, entre outras aparições em publicações importantes, a figurar com destaque em duas das principais revistas de jazz da Europa: na edição de maio/junho de 2025 da alemã Jazz'n'More e na edição de outubro de 2025 da francesa Citizen Jazz. Segue abaixo uma lista dos álbuns lançados por Ivo Perelman e seus parceiros entre 2024 e 2025. Ainda sobrou tempo para o músico vir à São Paulo e lançar o coletivo de saxofones São Paulo Creative 4!
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The Best Jazz, Free Improv & Brazilian Instrumental Music Albums of 2025
Abaixo reúno alguns dos principais álbuns que me surpreenderam entre 2024 e 2025, alguns poucos resenhados aqui no blog e outros tantos que a crítica especializada tem elogiado em webzines, sites, jornais, magazines e blogs especializados. Começo com a parceria do guitarrista americano Kurt Rosenwinkel com o pianista suíço Jean-Paul Brodbeck: eles já haviam gravado um álbum com releituras jazzísticas de temas e excertos de Chopin e, agora, em 2025, lançaram outro álbum com releituras jazzísticas de temas e excertos de Brahms e o resultado soa muito bom. Aqui no Brasil, o pianista André Mehmari tem se destacado pela expansão de sua amplitude no piano solo —— sem mencionar outras searas que esse grande músico explora, indo da música popular à ópera ——, e este seu álbum Short Stories Without Words é uma obra-prima nesse âmbito, desta vez com as peças sendo livremente improvisadas. O bandolinista brasileiro Hamilton de Holanda também brilhou ao ganhar um Grammy Latino, e seu álbum Live in NYC, gravado no Dizzy’s Club, no Jazz at Lincoln Center, é emblemático ao mostrar o quanto esse grande músico brasileiro tem levado sua arte ao mundo por meio de criativas interconexões com músicos de diferentes estilos e países. O gênero da música instrumental brasileira, aliás, parece retomar seu vigor nos últimos anos pós-pandemia, com os músicos mais ativos retomando ótimas sequências de lançamentos: o diletante guitarrista paulistano Michel Leme —— e seu som cru, suas longas improvisações e sua espontaneidade —— é um exemplo a ser conferido via seu álbum Ijó (Independente, 2025) e outros registros seus desse período; também tenho prestado atenção nos lançamentos do requintado pianista Henrique Mota, que demonstra ter uma ampla compreensão que vai do jazz contemporâneo à gêneros da brasilidade; e indico ainda o Mani Padme Trio, piano-trio formado pelo pianista cubano Yaniel Matos, pelo baixista Sidiel Vieira e pelo baterista Ricardo Mosca. No âmbito da MPB, mais atrelada à canção, à música cantada, há muitos bons exemplos em que o arranjo instrumental tem sido valorizado tanto quanto a oralidade vocal: é o caso do surpreendente álbum VERVE, da acordeonista e cantora Lívia Mattos e seu trio com Jefferson Babu (tuba) e Rafael dos Santos (bateria) e outros músicos convidados; e também indico o ótimo EP Isabel, 7 Cirandas Negras e Um Apito, do coletivo experimental nordestino Jaguaribe Carne, que neste registro explora os batuques e as pisadas das tradicionais cantigas e danças de roda, conhecidas no Nordeste do Brasil como cirandas. Indo para o campo do jazz e da livre improvisação, os nomes e destaques continuam os mesmos evidenciados na animadora retomada pós-pandemia a partir de 2023, com algumas surpresas aqui e acolá: figuras supercriativas já conhecidas, como a guitarrista Mary Halvorson, o baterista Dan Weiss, os trompetistas Ambrose Akinmusire e Peter Evans, a saxofonista e compositora Anna Webber, o veterano sax-altoísta Tim Berne, a pianista Sylvie Courvoisier, o altoísta Jon Irabagon, entre outros, continuam dominando as atenções por estarem lançando registros e projetos com mais novidades idiomáticas e estruturais dentro do híbrido gênero do modern-creative. Outras instrumentistas, como a vibrafonista mexicana Patricia Brennan e a saxofonista argentina Camila Nebbia, são exemplos de como, cada vez mais, o jazz se tornou universal e atrai —— e reúne —— músicos de diferentes searas, cenários e países. Mas também no âmbito do jazz mais "convencional", no espectro do straight-ahead, post-bop e neo-bop, ainda há registros impressionando os tablóides: vide o ótimo álbum de Vincent Herring e Joey Alexander retomando o clássico dueto de saxofones; e também o ótimo álbum Belonging (Blue Note, 2025) do saxtenorista Branford Marsalis e de seu quarteto, numa clara homenagem ao legendário pianista Keith Jarrett, que anos atrás foi forçado a se aposentar por questões de saúde, após sucessivos AVCs. Aproveito, também, para indicar alguns álbuns que tiveram indicações às premiações do Grammy 2026: casos de álbuns como o Ones & Two (Blue Note, 2025) do pianista e tecladista Gerald Clayton, o álbum de big band mais divertido dos últimos tempos Orchestrator Emulator com a The 8-Bit Big Band, o álbum que recria a suíte racial We Insist! da baterista Terri Lyne Carrington e o álbum de latin jazz criativo do altoísta Miguel Zenón Vanguardia Subterránea. Ademais, como já citado, destaco abaixo alguns álbuns de músicos e bandas europeias: nossas andanças vão do free enérgico do saxofonisat português Rodrigo Amado ao caleidoscópico "avant-garde/jazztronik" do contrabaixista sueco Petter Eldh, das camerísticas composições para big band do baterista sueco Peter Danemo ao free-jazz industrial do Tembryo, banda experimental de Praga, na República Tcheca, seguindo ainda pela Polônia e retornando às cenas inglesas e portuguesas de quando em quando. Clique nos álbuns para ouvi-los e saber mais!!!
Kurt Rosenwinkel & Jean-Paul Brodbeck - The Brahms Project (Heartcore Records, 2025)
Andre Mehmari - Short Stories without Words (ADS / Estúdio Monteverdi, 2025)
Hamilton de Holanda Trio — Live in NYC (Sony Music, 2025)
Jaguaribe Carne — Isabel, 7 Cirandas Negras e Um Apito (Taioba Music, 2025)
Livia Mattos — VERVE (YB Music, 2025)
Henrique Mota - For Peace (Room73 Records, 2025)
Yaniel Matos, Ricardo Mosca, Sidiel Vieira - Mani Padme Trio - Vôo (Red Records, 2025)
Michel Leme Quarteto - Ijó (Tratore, 2025)
Daniel Herskedal - Movements Of Air (Edition Records, 2025)
Geir Sundstøl - Sakte Film (Hubro, 2025)
AuB Quartet - Folk Devils (Whirlwind Records, 2024)
Tembryo - Drutěva (Ma Records, 2025)
Moses Yoofee Trio - MYT (LEITER, 2025)
Chrome Hill - En Route (Clean Feed, 2025)
Peter Danemo: Resonansium & Glätan (2025).
Carreiro, Gato, Oswald, Valinho - Talagbusao (Robalo, 2024)
Matthew Shipp - The Cosmic Piano (Cantaloupe Music, 2025)
Webber/ Morris Big Band - Unseparate (Out Of Your Head Records, 2025)
Wadada Leo Smith & Sylvie Courvoisier – Angel Falls (Intakt Records, 2025)
Rodrigo Amado The Bridge – Further Beyond (Trost, 2025)
Sophie Agnel & John Butcher – Rare (Les Disques VICTO, 2025)
Camila Nebbia, Kit Downes & Andrew Lisle – Exhaust (Relative Pitch, 2025)
Tim Berne – Yikes Too (Screwgun / Out Of Your Head, 2025)
Fieldwork - Steve Lehman/ Vijay Iyer/ Tyshawn Sorey - Thereupon (Pi Recordings, 2025)
Server Farmer - Jon Irabagon (Irabaggast, 2025)
Patricia Brennan - On the Near and Far (Pyroclastic, 2025)
Satoko Fujii & GEN - Altitude 1100 Meters (Libra, 2025)
Mary Halvorson & Amaryllis - About Ghosts (Nonesuch, 2025)
Branford Marsalis Quartet - Belonging (Blue Note, 2025)
Eric Alexander & Vincent Herring - Split Decision (Smoke Sessions Records, 2025)
Ambrose Akinmusire - honey from a winter stone (Nonesuch, 2025)
Peter Evans, Being & Becoming - Ars Ludicra (More is More, 2025)
Dan Weiss - Unclassified Affections (Pi Recordings, 2025)
Terri Lyne Carrington & Christie Dashiell - We Insist 2025! (Candid Records, 2025)
Miguel Zenón Quartet - Vanguardia Subterránea: Live at The Village Vanguard (Miel Music, 2025)
Gerald Clayton - Ones & Two (Blue Note, 2025)
The 8-Bit Big Band - Orchestrator Emulator (Team Chuck Records, 2025)
The Best Contemporary Classical Music Albums of 2025
Apesar do pedantismo clássico que ainda enclausura os teatros e palcos palacianos, a música erudita contemporânea —— e aqui, neste blog, desprezamos o termo "clássico" usado para alimentar o conservadorismo em torno do antiquário classicista, e preferimos empregar o termo “erudito” para denotar o caráter de música formalmente escrita —— tem sido um gênero que segue cada vez mais incorporando aberturas, ecletismos e hibridismos, acelerando o processo de diluição das verves pós-minimalistas, neoclassicistas e neorromânticas. Estamos numa era em que DJs e produtores de música eletrônica, como é o caso do holandês Jameszoo e do compositor e DJ londrino Gabriel Prokofiev, têm a expertise de lidar com peças sinfônicas da mesma forma que compositores catedráticos e acadêmicos, como o irlandês Donnacha Dennehy, podem ter expertise para lidar com elementos do avant-pop, do rock alternativo e da eletrônica popular. Aliás, estou inclinado a acreditar que as peças camerísticas e sinfônicas mais inovadoras e interessantes dos últimos tempos são aquelas escritas e elaboradas por músicos de jazz, DJs e criadores musicais interdisciplinares, tais como Anna Webber, Ethan Iverson, John Zorn, Daniel Lippel, Gabriel Prokofiev, Alex Paxton, entre outros. Ademais, uma das searas que mais avançaram nesse aspecto da multidisciplinariedade da música pós-moderna foi a dos grupos, músicos e ensembles de percussão erudita: figuras como Andy Akiho e Glenn Kotche, e ensembles/ grupos como o Third Coast Percussion e o Sō Percussion, são exemplos da expansão de uma nova visão pós-moderna para a percussão dentro da dita música erudita contemporânea. Foi para retratar esses aspectos que sugeri essa lista de álbuns, com alguns destaques um tanto surpreendentes: destaque para o ótimo Land of Winter (Nonesuch, 2024), de Donnacha Dennehy; destaque para o genial Music for 17 Musicians, do DJ Jameszoo; e destaque para o inacreditável Delicious (New Amsterdam Records, 2025), de Alex Paxton. Outro destaque incontornável tem sido a compositora londrina Errollyn Wallen, que tem evidenciado peças com um discurso híbrido e rigoroso dentro do espectro sinfônico, unindo elementos do modernismo, do neoclássico e do neorromântico. Viva a evolução!!! O universo erudito está mudando!!!
Third Coast Percussion - Standard Stoppages (Cedille, 2025)
Jameszoo & ASKO | Schoenberg - Music for 17 Musicians (Brainfeeder, 2025)
Gabriela Ortiz (w/ LA Phil & Gustavo Dudamel) - Yanga (Platoon, 2025)
Errolyn Wallen - Orchestral Works (Resonus Limited, 2025)
Alex Paxton - Delicious (New Amsterdam Records, 2025)
Donnacha Dennehy - Land of Wynter (Nonesuch, 2024)
Daniel Lippel: Adjacence (New Focus Recordings, 2024)
adjust - Anna Webber, Ken Thompson & Anzu Quartet (Cantaloup Music, 2025)
John Zorn – The Complete String Quartets (Tzadik, 2025)
Ethan Iverson - Playfair Sonatas (Urlicht, 2024)
The Best Electronic & Experimental Music Albums of 2025
Dois achados recentes no âmbito dos gêneros da música eletrônica e da música experimental que prenderam minha atenção foram os trabalhos do guitarrista Rafiq Bhatia (membro da banda Son Lux) e da vocalista e artista performática Lyra Pramuk. Aqui do Brasil, sugiro aos leitores que entrem em contato com a free music desconcertante do Duo Diáspora —— duo formado pelo trompetista e manipulador de objetos e eletrônicos Rômulo Alexis e pelo baterista e manipulador de eletrônicos Wagner Ramos ——, assim como sugiro que conheçam a eletrônica experimental do produtor Marcioz. Seguindo na trilha de exorcizar os preconceitos em torno da negritude e das temáticas das diásporas afro, o Duo Diáspora lançou, entre 2024 e 2025, o ótimo álbum Granulações, no qual a poesia e as intervenções vocais do poeta Ricardo Aleixo se somam às experimentações sonoras da dupla. Internacionalmente, a parceria entre os ingleses Thom Yorke (do Radiohead) e Mark Pritchard (aclamado DJ e produtor londrino) resultou em um excelente álbum de distopia sombria: Tall Tales (Warp, 2025), inspirado na pandemia e em temas contemporâneos, cujas misturas e amálgamas entre vozes distorcidas e uma certa "eletrônica dark" foram amplamente elogiadas em jornais, magazines, sites e blogs especializados. Ademais, outros dois destaques foram o retorno da aclamadíssima banda de avant-pop e art-rock Stereolab e o lançamento da banda de post-rock Tortoise pelo selo de Chicago International Anthem. Abaixo indico também o ótimo álbum solo da veterana laptoper e manipuladora de eletrônicos Ikue Mori. Muitos dos álbuns de jazz e de música erudita que indiquei acima também estão repletos de procedimentos experimentais, mas estes álbuns abaixo se destacam por soarem nesse limbo estrito entre a música puramente eletrônica e a música puramente "estranha" —— considerando que os sons estranhos, para nós ouvintes outsiders, é sempre um deleite.
Rafiq Bhatia - Environments (Anti-, 2025)
Ricardo Aleixo & Radio Diaspora - Granulações (Independente, 2025)
Mark Pritchard & Thom Yorke - Tall Tales (Warp, 2025)
Ikue Mori - Of Ghost and Goblins (Tzadik, 2025)
Marcioz - MORRA RICO //ou// MORRA TENTANDO (jovemdeu$, 2025)
Stereolab - Instant Holograms On Metal Film (Duophonic/ Warp, 2025)
Tortoise - Touch (International Anthem, 2025)
Lyra Pramuk (w/ Sonar Quartett): Hymnal (7K/ pop.soil, 2025)
The Best Books & The Best Documentary of the 2024/ 2025
Um ano antes de falecer aos 89 anos o legendário multi-instrumentista, arranjador e compositor brasileiro Hermeto Pascoal estava vivendo plena notoriedade. Entre 2024 e 2025 ele ganhou seu terceiro Grammy Latino com o álbum Pra Você, Ilza (Rob Digital, 2024) e ganhou três livros lançados em seu nome: um livro de caráter biográfico com base em dezenas de entrevistas, lançado pelo jornalista Vitor Nuzzi; um outro livro escrito na categoria de romance lançado pelo escritor e músico francês Pierre Sicsic; e um livreto chamado "Hermeto Pascoal - Trajetória Musical", que faz parte da coleção "Trajetórias Musicais" e é assinado pelo poeta e editor brasileiro Sergio Cohn. Também indico abaixo o book Free Jazz and Improvisation on LP & CD 1965-2024, que traz uma coleção organizada e editada por Johannes Rød com os álbuns —— em LP e CD —— mais emblemáticos desse subgênero de música criativa lançado nas últimas seis décadas: trata-se de um compêndio que deve interessar o audiófilo mais fanático, pois traz não apenas toda as artes gráficas desses álbuns, mas também traz os músicos envolvidos, os selos e gravadoras envolvidas (a maioria gravadoras independentes que inovaram na forma como lançaram e difundiram a música improvisada), além de listas, cronologias e foco no design gráfico. Outro livro que não pode faltar é o Black Mystery School Pianists and Other Writings (Autonomedia, 2025), onde o pianista Matthew Shipp discorre sobre os pianistas históricos que se notabilizaram por seus estilos iconoclastas, idiossincráticos e místicos. Ademais, um doc lançado recentemente que tem sido muito elogiado é o The Best of the Best - Jazz From Detroit sobre a rica cena do jazz na cidade (principal cidade do Estado de Michigan) conhecida como "Motor City" (Cidade dos Motores), destacando ícones como Barry Harris, Marcus Belgrave, Ron Carter, Regina Carter, James Carter, Elvin Jones e Karriem Riggins e tendo participação de músicos como Pat Metheny, Christian McBride e Terence Blanchard. Este documentário está, inclusive, disponível no Prime Video, podendo ser futuramente assistido pelos assinantes brasileiros. Nesse recesso de janeiro, não haverá tédio!
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Hermeto Pascoal - Sergio Cohn - Série Trajetórias Musicais (Oca Editorial, 2024)
Quebra Tudo - A Arte Livre de Hermeto Pascoal - Vitor Nuzzi (Kuarup, 2024)
Hermeto Pascoal - Vererdas Sonoras e Improvisos do Sertão - Pierre Sicsic (Kotter Editorial, 2025)
Free Jazz and Improvisations on LP and CD - Johannes Rød (Smalltown Supersound, 2025)
The Best of the Best - Jazz From Detroit - Daniel Loewenthal & Roberta Friedman (Detroit Free Press, 2024)
Matthew Shipp - Black Mystery School Pianists and Other Writings (Autonomedia, 2025)